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“Para inglês ver”: empresa apóia evento sobre acessibilidade, mas não é acessível

Rio, 17 de agosto de 2012

A distância entre o discurso de responsabilidade social e a prática parece ser grande no que diz respeito à questão da pessoa com deficiência. Até o dia 23, a estação Bonsucesso do Teleférico do Alemão, administrado pela SuperVia, recebe a mostra itinerante “Para Todos - O Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil”, financiada pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República. A iniciativa conta com apoio da SuperVia, que há 13 anos opera o serviço de trens urbanos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, mas que somente 2 das suas 99 estações são completamente adaptadas às necessidades da pessoa com deficiência.

“Essa exposição é para inglês ver”, avalia André Moura, morador de Deodoro, que usa os trens da Supervia. “Vejo que nossos direitos não são considerados e, além de tudo, quem tem alguma deficiência é destratado. Há pouco tempo, ouvi um guarda gritar para uma cadeirante: “A senhora não quer ser carregada no colo? Então, dá seu jeito!’, conta. A senhora estava indignada por perceber que como a estação de Ricardo de Albuquerque não era adaptada, deveria ser carregada para chegar à plataforma. Segundo a assessoria da empresa, “a SuperVia adota as regras de acessibilidade assistida, nas quais todos os profissionais das estações são treinados e capacitados para auxiliar pessoas portadoras de necessidades especiais”.

André lembra a situação que viveu com a filha de 9 anos, usuária de cadeira de rodas. Era sábado, ele se dirigia com um grupo para a Quinta da Boa Vista. “Os cadeirantes foram de carro, já que os trens não possuem acessibilidade nenhuma”. Eles transportaram as cadeiras vazias sem dificuldades na estação de Anchieta, de onde saíram. “O retorno foi o problema. Quando voltamos com as cadeiras, fomos impedidos de passar, pois só poderíamos entrar na estação com as cadeiras se os usuários estivessem nelas. Ficamos retidos na estação de São Cristóvão”. André relata que a funcionária responsável lacrou a passagem com uma faixa de segurança, e a entrada do grupo só foi liberada duas horas depois com o início de uma forte chuva. “Fomos humilhados e impedidos de exercer nosso direito de ir e vir só por termos filhos com deficiência”, desabafa.

Não é de hoje que problemas com acessibilidade são presenciados nos trens urbanos do Rio. Em março, a TV Globo, com a participação do IBDD, exibiu em rede nacional uma série de reportagens com flagrantes de descasos com pessoas com deficiência que precisam de transporte público. No final do mesmo mês, a estação Silva Freire, abandonada há mais de 20 anos, foi reinaugurada com nova área de bilheterias, coberturas nas plataformas, passarelas, escadas e piso tátil. Mas não foram construídos acessos para cadeirantes nem foram instalados elevadores. “Não é possível acreditar que uma reforma não contemple de imediato as pessoas com deficiência. Isso beira o absurdo”, declarou na época Georgette Vidor, Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência, em nota no site da SMPD.

A assessoria da SuperVia informa que, até o final do ano, o problema em Silva Freire será solucionado, com a chegada de três elevadores. Garante ainda que até 2020 “todas as estações serão reformadas conforme os padrões de acessibilidade”. O prazo determinado pelo Governo Federal, através do decreto 5296/04 se esgota em dezembro de 2014- respeitar essa data seria uma contribuição exemplar para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro.

cartaz exposição

 
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